Como fazer uma carteira diversificada: confira o passo a passo

Que ter uma carteira diversificada é importante, você já sabe. Agora confira como fazer uma carteira diversificada e fique atento aos principais riscos desse campo.

carteira de investimentos diversificada

A diversificação é uma das ferramentas mais poderosas dos investimentos. Ela te permite rentabilidade e segurança – o objetivo de todo investidor. Mas você sabe como fazer uma carteira diversificada? Desenvolver esse tipo de expertise é o que vai diferenciar carteiras que só oscilam ao sabor do mercado e carteiras estratégicas, com ganhos exponenciais. Por isso, confira nossas dicas e o passo a passo de como fazer uma carteira diversificada e aplique de imediato na sua rotina!

O que é uma carteira diversificada

Antes, vamos dar um passo para trás e entender o que é uma carteira diversificada. Uma carteira diversificada é uma série de ativos alocados em setores distintos da economia. Sua performance será o equivalente a média ponderada da performance de cada um deles. Ela será possível diversificando os seus investimentos entre ativos e setores distintos, para tirar o melhor de cada um deles.

Carteiras diversificadas são aquelas que respeitam os diferentes tipos de diversificação, reduzindo os riscos não-sistemáticos de setores e ativos e ficando no limite entre rentabilidade e segurança. Essa é uma técnica usada por gestores de fundos de investimento e carteiras administradas para garantir resultados uniformes e acima dos índices de mercado.

Como saber se a sua carteira está diversificada

Talvez você já seja adepto da diversificação e não saiba. Existem muitas fórmulas para analisar a diversificação de uma carteira, algumas mais científicas, outras menos. Nós criamos um modelo simples, de fácil acesso e capaz de te ajudar a criar um primeiro esboço da sua carteira, informando quanto do seu patrimônio está alocado em que tipo de ativo.

1º passo: liste todo o seu patrimônio

Em uma folha de papel ou planilha do Excel, liste todos os ativos que compõem o seu patrimônio. Aqui podem entrar carros, casas, bicicletas, mas também ações, fundos de investimento, dinheiro em poupança ou conta corrente ou até debaixo do colchão. Ao lado de cada um, coloque o valor daquele tipo de alocação de patrimônio. Coloque cada um em uma linha, como no exemplo abaixo:

AtivosValor
CasaR$ 300.000,00
CarroR$ 23.000,00
Dinheiro em PoupançaR$ 12.000,00
Ação Amazon (AMZN)R$ 500,00
Ação Tesla (TSLA)R$ 500,00
REIT American TowerR$ 500,00
Fundo de Investimento Multimercado TwelveGlobalR$ 2.500,00
TotalR$ 339.500,00
Resultado de uma tabela de execução de gastos

2º passo: acrescente uma coluna com o tipo do ativo

Ao lado dessa tabela, você irá acrescentar uma nova coluna, com o tipo do ativo. Na linha de “casa” você pode colocar “imobiliário”; na linha de poupança, “renda fixa” e nas linhas de ações, REIT e Fundo de Investimento, cabe colocar “renda variável”. Como carros possuem toda uma dinâmica própria, coloque como “automóvel”. O resultado ficará assim:

AtivoValorTipo de Ativo
CasaR$ 300.000,00Imobiliário
CarroR$ 23.000,00Automóvel
Dinheiro em PoupançaR$ 12.000,00Renda Fixa
Ação Amazon (AMZN)R$ 500,00Renda Variável
Ação Tesla (TSLA)R$ 500,00Renda Variável
REIT American TowerR$ 500,00Renda Variável
Fundo de Investimento Multimercado TwelveGlobalR$ 2.500,00Renda Variável
TotalR$ 339.500,00Renda Variável
Coluna “tipo de ativo” acrescentada à direita –

Notem que nesta tabela colocamos “Renda Variável” na última célula, no canto inferior direito. Isso acontece pois esse é o valor que mais se repete – ou seja, é uma moda do valor, uma medida estatística que avalia quantas vezes o valor se repete. Isso significa que nosso investidor em questão possui maior diversificação de ativos na renda variável, embora o valor total seja o menor dos três. Isso ficará visível no próximo passo.

3º passo: gere um gráfico para melhor visualização do percentual

Se você foi criando essa tabela no Excel, vá em “criar tabela dinâmica” e coloque a coluna “valores” no campo “valores” e a “Tipo de Ativo” no campo “linhas”, da seguinte forma:

instruções de como fazer uma carteira diversificada no Excel usando tabela dinâmica
Tabela dinâmica dos seus investimentos

Se não souber como criar uma tabela dinâmica, separamos um artigo com instruções que pode te ajudar. A seguir, clique na tabela formada e crie um gráfico de barras para visualizar quanto do seu valor está concentrado em cada classe de ativo. No exemplo que criamos há o seguinte resultado final:

gráfico de como fazer uma carteira diversificada
Gráfico de concentração de ativos

Bem diferente de um gráfico diversificado, não é? Esse investidor colocou a maior parte de seu patrimônio em bens, com o grosso do grosso concentrado no imobiliário. Entretanto, mesmo que o removêssemos da equação, ainda haveria um grande valor em automóveis (que desvalorizam com o tempo), seguido de renda fixa na poupança (que perde para a inflação) e uma parte ínfima em renda variável. Não é exatamente o retrato de alguém que saiba como fazer uma carteira diversificada.

gráfico de como se parece uma carteira diversificada
como deve se parecer o gráfico de alguém que sabe como fazer uma carteira diversificada

Como fazer uma carteira diversificada

Agora que você já viu como identificar se a sua carteira está diversificada, é hora de saber como fazer uma para você. Existe um passo a passo na construção de uma carteira diversificada que vai de uma internalização – você conhecer a si mesmo e aos seus objetivos – até a escolha ativa e passiva de investimentos. Também separamos esses tópicos em uma estratégia de diversificação.

1º passo: Identifique seu perfil

O perfil de investidor é um ponto a sempre ser levado em conta. Na hora de saber como fazer uma carteira diversificada, é importante tê-lo em mente para não fazer uma diversificação que não condiz com seu perfil – e que consequentemente, você não seguirá à risca. Essa identificação pode ser feita em corretoras de investimento fazendo alguns testes.

Normalmente esses testes envolvem entender quanto você estaria disposto a arriscar em empreendimentos, seu apetite para risco e a relação risco/retorno que você espera. Também se mede a sua reação a determinados tipos de situação, como perda brusca de patrimônio e queda nos rendimentos.

A classificação de perfil segue três estágios básicos: o conservador, o moderado e o agressivo ou sofisticado (a depender do local que irá classificá-lo). A mudança de termo entre “agressivo” e “sofisticado” é uma estratégia de corretoras para diminuir a aversão ao risco: ninguém gosta de se ver como “agressivo”, porém todos gostam de pensar em si mesmos como “sofisticados”.

2º passo: tenha seus objetivos em mente

Antes de saber como fazer uma carteira diversificada, é necessário entender porque diversificar uma carteira. Existem muitos motivos para alguém apostar na diversificação como aumento da rentabilidade e maior segurança. Porém, entender seus objetivos pode te colocar exatamente na escala certa de qual rentabilidade procurar e quanto de segurança você precisa.

Talvez, se quiser apenas maior diversificação para sua reserva de emergência, pode seguir uma estratégia da reserva em camadas, aplicando seu dinheiro em investimentos com liquidez gradativa. Se a sua reserva de emergência for de R$ 10.000,00, você pode deixar R$ 5.000,00 em um CDB de liquidez diária, R$ 3.000,00 em um CDB de liquidez D+3 e os R$ 2.000,00 restantes em um FII de recebíveis imobiliários.

Já se você quiser saber como fazer uma carteira diversificada para valores de longo prazo, querendo uma aposentadoria, por exemplo, vale a pena diversificar ainda mais o leque de fontes de renda na renda variável, em fundos, ações, REIT’s e etc.

3º passo: entenda dos riscos cruzados

Cada setor e empresa também está sujeito a diversificação. É o que acontece com a diversificação nas empresas, quando as atividades de uma empresa se espalham em diferentes campos de atuação, e logo, envolvem outros players do mercado. Ao fazer isso, elas começam a desenvolver riscos cruzados, que afetam tanto uma, quanto a outra.

Digamos que você queira diversificar, comprando ações da Ambev e da Minerva Foods, por exemplo. Embora complementares (comidas e bebidas), existe um risco comum a ambas as empresas: a safra de grãos. Assim como a cerveja precisa de cevada e outros grãos para sua fermentação e fabricação, o gado, que futuramente virará carne, também consome grãos. Uma safra ruim será um risco não-sistêmico que pode afetar ambas as empresas.

Algo similar pode acontecer com o mercado imobiliário: comprar ações de companhias construtoras de prédios e casas e comprar Fundos Imobiliários americanos irá fazer com que os riscos comuns ao setor imobiliário atinjam todos os seus ativos. Por mais diversificados eles sejam, o risco setorial é comum a todos eles. Coloque na balança uma marca de lojas que só funciona em shoppings, e o seu risco aumenta ainda mais de concentração.

Entender esses riscos cruzados só é possível estudando mais a fundo cada uma das indústrias onde você aloca seus investimentos, e a forma de atuação de cada empresa. Por isso gestores se debruçam sobre o modelo de negócios das empresas onde investem na hora de compor uma carteira administrada.

4º passo: selecione as empresas

Depois que você mapeou o seu perfil e entendeu, dos setores que você mais gosta, quais empresas fazem mais sentido para você, está na hora de selecioná-las. Como dissemos, vale observar a própria diversificação nas empresas e em seus modelos de negócios para selecionar a melhor. Depois, observe seu histórico de rendimentos e lucros, sempre fazendo um comparativo com os resultados das suas concorrentes no setor.

Você pode observar que alguns setores mais perenes – como energia, bancos e seguradoras – tendem a ser escolhidas para carteiras de longo prazo. Na hora de pensar em como fazer uma carteira diversificada, existe a estratégia do top 3 do top 5.

Top 3 do Top 5

Essa estratégia visa trazer maior diversificação para a sua carteira, e está ancorada na Teoria do Portfólio de Markowitz. Segundo ele, o número de 15 ativos é o ideal para a diversificação de uma carteira. Logo, essa estratégia consiste em escolher cinco setores e as top 3 empresas de cada setor. Nesse caso, listas de melhores ações e melhores fundos imobiliários vêm a calhar para filtrar essa escolha.

5º passo: realize aportes periodicamente

O aporte é quando você usa o dinheiro que recebe proveniente do seu trabalho para alocar em algum investimento. É importantíssimo fazer aportes periódicos para balancear a sua carteira. Esse ponto é onde se difere quem sabe como fazer uma carteira diversificada e quem não sabe.

Pessoas que saibam como fazer uma carteira diversificada irão realizar aportes nos seus ativos em baixa, uma vez que eles ainda são ativos importantes para a sua carteira. O que acontece normalmente é que muitos investidores se desesperam frente a quedas e preferem colocar o dinheiro em ativos que já estão caros. Isso faz com que eles comprem os ativos mais caros, aumentando seu preço médio e diminuindo a rentabilidade.

Cuidados ao montar uma carteira diversificada

Embora as dicas acima ajudem, elas nunca excluem o maior risco ao se montar uma carteira diversificada: a ignorância. Como você pode ver, há muitos detalhes técnicos que se alongam em diferentes setores para cada empresa. Especialistas em investimento tendem a encontrar um nicho de mercado e estudá-lo a exaustão, para saber os melhores momentos e oportunidades de aporte.

Portanto, uma dica de ouro é a seguinte: diversifique também o seu grau de ignorância. Isso significa que, quanto menos especialista você for, opte por formas de investimento que são geridas por terceiros mais competentes. Fundos de Fundos, Fundos de Investimento ou Carteiras Administradas são ótimas soluções, pois em sua maioria, repetem em seu interior as estratégias de diversificação.

Saber como fazer uma carteira diversificada não significa que você precisa fazê-la. Com esses conhecimentos, pode ser muito mais útil terceirizar esse trabalho, pois agora você sabe ao menos como avaliar se ele está sendo bem feito ou não.

Assine nossa newsletter semanal e receba notícias e dicas de investimentos globais toda semana