Ações Google (GOOGL): entenda o modelo do gigante das buscas

As ações da Alphabet (GOOGL), holding controladora do Google, estão entre as mais valiosas do mundo. Conheça tudo sobre a empresa e seu modelo único de negócios

Ações Google representadas por uma nota de dólar em preto e branco com o nome "Google" por cima, sobre fundo roxo

O Google é o principal canal de buscas online do mundo hoje, com um market share superior a 90%. Provavelmente você chegou aqui através do Google. Com um volume acirrado de usuários a empresa fundada por Larry Page e Sergei Linn possui uma das maiores economias de atenção do mundo, apresentando crescimento constante desde seu IPO.

A companhia atua em quase todos os países do mundo e funciona muito além do site que deu origem ao grupo. Hoje, parte da Alphabet – conglomerado de empresas que incluem o Youtube, o Android, e a própria Google – possui diversos canais de rentabilização do negócio.

Confira em detalhes como funciona e como avaliar a maior empresa de serviços em internet do mundo.

GOOGL

A companhia possui entre suas atividades uma variedade de frentes de tecnologia e inovação. Tendo adquirido diversas empresas de frentes distintas, a Alphabet conjuga uma série de soluções que vão desde o famoso buscador, passando por mapas, telefonia móvel, instalação de fibra ótica, toda a frente de Advertising – que compreende os ads vinculados tanto na busca orgânica do Google quanto na plataforma de vídeos Youtube – e a de processamento em nuvem.

Além de adquirir novas empresas, a gigante da tecnologia possui uma veia de investimentos milionários em Pesquisa e Desenvolvimento, buscando continuar inovando em soluções de ganhos exponenciais. É a divisão chamada pela empresa de “Other Bets”, nas quais estão inclusas serviços de internet e health techs.

Empresas da Alphabet

O grupo Alphabet adquiriu mais de 200 companhias desde 2004, muitas das quais tiveram suas tecnologias integradas em soluções do Google, ampliando seu repertório e funcionalidades. Foi o caso do Waze, cujo banco de dados serviu para aprimorar as soluções do GoogleMaps, e do DoubleClick, que permitiu ao AdService sua capilaridade e capacidade de entregar publicidade direcionada ao público.

Outras foram necessárias para expandir as frentes de negócios da companhia. Foi o caso da Motorola e do Android, duas tecnologias que permitiram ao Google dar um passo adiante rumo a telefonia móvel. Ambas as aquisições também permitiram avanços no Google Play, que hoje integra a frente de Serviços da empresa.

Além delas, a Boston Dynamics, famosa pelos vídeos de cachorros robôs, serviu como base para toda a divisão de robótica da empresa. O Youtube foi outra das suas aquisições que abriram a porta para o mercado de vídeos, a partir do qual a monetização de ads e as tecnologias de edição compuseram o portfólio da empresa.

Segmentos de Negócios

Os segmentos de negócios podem ser divididos em Serviços, Nuvem e o que eles mesmos chamam de “Outras Apostas” (Other Bets). Cada um desses segmentos possui diversas estratégias de rentabilidade. Entretanto, apenas o segmento de serviços apresentou lucro em 2022.

Google Services

O segmento de serviços oferece, entre suas frentes, Ads, a tecnologia Android, o navegador Chrome, hardwares licenciados, serviços do Gmail, Google Drive, Google Maps, Google Photos, Google Play, Busca e o YouTube. Também está envolvido na venda e transações através da Google Play, loja de aplicativos oficial da marca.

Funcionando como meio de pagamento, o Google Play garante adaptabilidade com a Fitbit, de “wearables”, a Google Nest, de produtos informatizados para casa, a Pixel (telefonia), além dos serviços não relacionados a publicidade no Youtube.

Google Cloud

O segmento da nuvem oferece infraestrutura, plataformas e outros serviços, além do Workspace, com ferramentas de colaboração em nuvem para empresas, além do Gmail, Docs, Drive, Calendar e Meet, que tiveram um boom de adequação durante a pandemia.

Tendo por principal segmento o B2B, seus recentes resultados desanimadores estão alinhados com a retração global de ativos de risco e do mercado tech.

Other Bets

Seguindo o legado de ser uma “empresa diferente de todas as outras” – recado que figura na página de relações com investidores da Alphabet – a companhia segue investindo em novas tecnologias e frentes de atuação.

A responsabilidade social do buscador – responsável pela opinião de milhões de pessoas ao redor do mundo – levou a companhia a investir em melhores resultados na área de saúde. A expertise levou-a a desenvolver tecnologias e softwares para a saúde, no ramo healthtech.

Além disso, de modo a garantir uma conexão e conectividade cada vez melhor, a companhia iniciou o projeto de fibra ótica nos Estados Unidos. Competindo com gigantes do ramo, o Google Fiber busca capilaridade do mercado B2C de fibra, e já está presente nos estados Arizona, Colorado, Nebraska, Nevada e Idaho.

Larry Page e os buscadores online

“O Google não é uma empresa convencional, e nós não queremos virar uma”. Esse trecho da famosa carta dos fundadores, assinada por Larry Page, sintetiza a imagem que seu criador e CEO tem para a empresa. Surgindo como um projeto para o doutorado, o buscador que veio a ser o carro chefe da empresa foi projetado por Larry Page.

Sua dissertação foi uma grande visualização gráfica da World Wide Web em grafos, analisando a relação entre cada uma das páginas da rede. A partir da lógica do hiperlink, em que uma página é tão importante quanto o número de citações que ela recebe (mesma lógica dos artigos acadêmicos científicos), desenvolveram um sistema de indicação de páginas a partir do ranking de citações. É nesse contexto que surge o Buscador Google.

Hoje um dos homens mais ricos do mundo, Page também inaugurou um modelo inovador de gestão em tecnologia. Segundo o próprio, não era adequado que um não-engenheiro monitorasse um engenheiro. Ele não saberia o que cobrar. A partir dessa noção nasce o modelo Google de gestão, que foi logo adotado por empresas do setor ao redor do globo.

Histórico do Google

As ações do Google tiveram seu IPO em 2004, ao valor de U$ 85,00 a ação. O crescimento pode parecer pouco, se avaliado o valor atual de uma A Share da Alphabet, mas não se engane: é só impressão. Apesar de ser negociada acima dos U$ 100,00, a companhia passou por um split recentemente na ordem de 1:20, significando que a companhia passou por severa valorização ao longo do tempo.

A companhia realizou uma série de aquisições ao longo de sua história, incorporando novas tecnologias e fazendo as empresas trabalharem em sinergia com os princípios do Google. O movimento, entretanto, não foi visto com bons olhos por todos. A empresa é conhecida como “assassina de startups” entre os fãs do Vale do Silício.

Com o hábito de comprar e incorporar as empresas, ela muitas vezes aloca os principais nomes e ideias dentro de seus produtos. O que, por um lado, garante a longevidade da marca.

Lançamento das ações

Com seu IPO em 2004, a empresa – que já era uma gigante das buscas online – angariou U$ 1,67 bilhões, com um valuation de U$ 23 bi. Esse valuation foi o responsável por tornar mais de 900 funcionários do Google – que optaram por remuneração em ações da empresa – em milionários na ocasião. O dia 19 de agosto marcou a transformação desses funcionários em novos milionários brasileiros.

Fundos e topos históricos

As ações da empresa apresentaram alta constante, sendo seu “fundo” histórico o seu IPO. A empresa alcançou sua alta histórica em U$ 148,90, em novembro de 2021, data a partir da qual as ações desvalorizaram cerca de 20%, até o 2T22.

Seu fundo mais recente, porém, ocorreu entre abril e maio de 2022. O movimento foi condizente com o mercado tech em geral, que apresentou retração mediante aumento dos riscos ao redor do globo. Sobretudo a ameaça de recessão global e a guerra na Ucrânia marcaram possível queda de empresas de forte investimento em inovação.

Gráfico de área com barras de volume sobre as ações da Alphabet - Google (GOOGL), com os topos e fundos recentes assinalados com setas cinzas, respectivamente a U$ 148,9 e U$ 108,95.
Gráfico Google – topos e fundos atuais

Desdobramentos e Grupamentos

O mais recente stock split do Google ocorreu no dia 15/07, quando as ações se dividiram na proporção 1:20. O desdobramento foi o terceiro realizado na história da companhia, que negociava suas ações classe A a preços muito acima da média de mercado. Reduzindo o preço unitário de uma ação de seu topo, a U$ 3.000,00 para U$ 150 na data, seus ativos ganharam liquidez no mercado.

Data de DesdobramentoProporção
27/03/20141000:2002
27/04/201510000000:10027455
15/07/20221:20
Desdobramentos da Alphabet, desde seu IPO

Já os dois primeiros desdobramentos da companhia, entre 2014 e 2015, tinham como objetivo criar uma nova composição societária para o funcionamento da Alphabet. O grupo, que surgiu para ser liderado por Larry Paige enquanto o Google passou a ser controlado por Sundar Pichai, precisou dos splits para melhor distribuição societária, e é hoje o controlador das ações Google.

Multiplicados, uma ação da empresa teria se tornado 40,15, entre 2004 e 2022.

Valorização

Desde seu IPO as ações do Google valorizaram 4.300,00%. A quesito de comparação, no mesmo intervalo de tempo o Ibovespa, índice da economia brasileira, valorizou 401% e o S&P 500, índice de referência das 500 maiores empresas da economia americana, apenas 373,30%.

Outra forma de observar o feito é através da compra de uma ação do Google. A época negociadas a U$ 85,00, uma ação teria passado a valer U$ 36.550,00.

Como comprar ações da Google

As ações do Google

BDR: GOGL34 e GOGL35

Comercializadas na B3, as BDR GOGL34 e GOGL35 são duas maneiras de se expor à gigante digital sem sair do Brasil. As BDR sob a instituição Santander representam, respectivamente, as ações classe A – ou ações ordinárias, com direito a voto em assembleia – e as ações classe C – sem direito a voto.

As ações classe C, porém, não são o mesmo que as preferenciais brasileiras, cujo ticker costuma terminar com o número 4. Diferente destas, o Google não realiza distribuição de dividendos, estando o investidor interessado única e exclusivamente na valorização do ativo.

O que seria bom – uma vez que os BDR passam por bitributação de dividendos – tem como contrapartida o impacto da taxa de câmbio no valor do BDR.

Nasdaq: GOOGL

Negociada na bolsa tech americana, a Nasdaq, as ações classe A do Google são negociadas sob o ticker GOOGL. Com valor médio entre U$ 100,00 e U$ 150,00, o investidor que busca ter a companhia em seu portfólio precisa se atentar à alguns detalhes.

O investimento via Nasdaq demanda a criação de uma conta em corretora internacional ou via conta local, além de impor a sua burocracia para o investidor. É um caminho mais trabalhoso, demandando certo conhecimento prévio.

Nasdaq: ETF’s

Como uma das maiores companhias do mundo, o Google se destaca dentro de diversos ETFs que buscam replicar desde os principais índices da economia americana, como o Nasdaq-100, o Dow Jones e o S&P 500, até os mais específicos para a área de buscadores, tecnologia e desenvolvimento.

Através deles o investidor consegue se posicionar dentro de uma cesta de ações, diluindo riscos e acompanhando altas qualitativas dos ativos.

ETFs com maior exposição ao Google

Existem no mercado americano cerca de 260 ETFs com alguma exposição às ações do Google. A companhia possui cerca de 239,9 milhões de ações em circulação, das quais a maior parte é detida pelo ETF SPY (que replica o índice S&P 500). A estratégia de gestão de ETF com melhores desempenhos, em média, são aqueles ETFs de gestão ativa, em detrimento dos ETF de gestão passiva ou replicadores de índice.

Abaixo, separamos os top 3 ETFs com exposição ao Google no mercado americano.

XLC

Desde 2018, com a mudança das classificações de negócios em empresas, o XLC possui exposição específica no setor de telecomunicações, incluindo os membros dos grupos anteriores e expandindo para os destaques da internet.

Como um ETF SPDR, eles selecionam as suas empresas com base no S&P 500 – ou seja, todas as empresas que compõem o índice estão, também, no S&P 500.

O XLC possui 11,38% de sua exposição ao Google, sendo o ETF mais exposto ao desempenho da companhia no mercado.

TQQQ

O fundo com a melhor performance atrelado a uma exposição robusta ao Google, o TQQQ é um ETF gerido via algoritmo que seleciona, com base no Market Cap das empresas do mercado tech que compõem o Nasdaq-100 qual a sua composição dia a dia. É uma nova leva de ETFs automatizados que faz sucesso no mercado americano. Com um crescimento de 30% ao mês em julho de 2022, o ETF conseguiu algum destaque no meio.

SPY

Outro ETF famoso, o SPDR S&P 500 ETF Trust é outro atrelado ao S&P 500, possuindo apenas empresas listadas no índice em seu portfólio. É o mais antigo dos três. Fundado em 1993, tem como foco as large caps americanas. Índice que o Google está incluso há algum tempo. O SPY possui o maior número de ações do Google, detendo 59,35 milhões de ações.

De acordo com o hábito americano de distribuição de dividendos, este ETF realiza a distribuição entre seus acionistas. Isso significa que o acionista recebe dividendos correspondentes ao percentual da empresa na carteira do ETF. Como um replicador do S&P 500, o SPY distribui na mesma proporção que o índice recebe, tornando este um ETF com Google que distribui dividendos – algo que os demais não fazem.

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