É impossível falar de investimentos no exterior e não mencionar, em um momento ou outro, o pai dos investimentos modernos – Warren Buffett. Um dos investidores mais bem sucedidos vivos e frequentemente aparecendo na lista de top 5 homens mais ricos do mundo, Warren Buffet é uma lenda pelos seus rendimentos históricos e por vencer constantemente os índices de mercado.
Sua fama inspirou livros, metodologias de investimento e toda uma geração de investidores de valor. Por isso, separamos um pouco da história e metodologias de Warren Buffett para que você entenda como investir cada vez mais como um profissional. Confira!
Quem é Warren Buffett
Warren Buffett é um investidor, economista e filantropo estadunidense e um dos maiores investidores pessoa física do mundo. Com uma fortuna acumulada em mais de U$ 116 bilhões em 2021, é o principal acionista da Berkshire Hathaway, empresa fundada pelo mesmo para gerir seu patrimônio.
Buffett é conhecido como “Oráculo de Omaha” por sua estratégia de investimentos que até hoje inspira diversas operações e carteiras administradas que buscam o valuation de seus ativos – seus ganhos são estimados em 20% ao ano, superando índices como S&P 500 (que avalia as 500 maiores e melhores empresas americanas).
Tendo sido aluno de uma das maiores mentes da economia, Benjamin Graham, sua opinião reverbera entre economistas e analistas do mercado até hoje. Além disso, é um dos idealizadores, junto com Bill Gates, da iniciativa Giving Pledge.
Família e Educação
O interesse pelos investimentos, no entanto, vem de longa data. Warren Buffett vem de uma família de investidores: seu pai, Howard Buffett fora congressista e corretor da Bolsa de Valores americana, e desde os 12 anos Warren possuía e realizava investimentos dentro e fora do mercado financeiro.
O mestre dos negócios formou-se administrador em 1950 pela Universidade Nebraska-Lincoln e terminou em 1951 seu mestrado em Economia, sendo orientado por Benjamin Graham em pessoa.
Os anos de educação junto de Graham parecem ter desenvolvido forte influência sobre o comportamento de Buffett, que ficou reconhecido por suas operações envolvendo compra de “boas empresas com desconto”. No entanto, seu começo foi um tanto quanto menos glamuroso.
Como começou a investir
Warren Buffett começara a empreender e investir no mercado financeiro com 10 anos – em uma viagem com o pai para Nova York, Buffett comprou ações para si mesmo e para as irmãs. Em sua biografia, o investidor afirma que já então lia os livros de economia que o pai mantinha em casa, tendo contato com grandes nomes da teoria financeira.
Porém não era apenas por meio de ações de grandes empresas que Buffett visava ampliar sua fortuna. Duas histórias são muito marcantes no que diz respeito a sua empreitada financeira – a de sua primeira declaração de impostos, aos 13 anos, e o primeiro empreendimento que montou, enquanto ainda estava na escola.
O jovem empreendedor sempre foi engajado em diversas atividades onde pudesse juntar dinheiro: entregador de jornais, faxinas, aparando jardins e etc. Aos 13 anos, quando realizava a primeira declaração de imposto de renda, conseguiu convencer por meio de argumentação que duas coisas eram essenciais para seu faturamento: sua bicicleta e seu relógio. Avaliando o valor de ambos, Buffett conseguiu restituição de parte do valor.
Com parte do dinheiro e a ajuda de alguns poucos amigos, realizou a compra de uma máquina de pinball, a qual alugava para um estabelecimento em sua cidade natal, Omaha. Utilizando o conhecimento que adquiriu dos livros do pai, fez o cálculo de juros compostos que seria necessário para a aquisição de uma segunda máquina. Ao longo dos anos o empreendimento já contava com diversas máquinas espalhadas por vários pontos da cidade.
Mentores de Warren Buffett
Embora demonstrasse aptidão para os negócios desde muito novo, Buffett reconhece três fortes influências em sua estratégia de investimento: o próprio pai, Benjamin Graham e Phillip Fischer. John Train, um famoso autor de economia e consultor financeiro, em uma análise sobre Warren Buffett o descreveu como sendo “85% Graham e 15% Fischer”. Ambos os teóricos são autores de livros famosos de economia, como “Ações comuns, lucros extraordinários” (de Fischer) e “O Investidor Inteligente” (de Graham).
Benjamin Graham
Graham foi o mentor de Warren Buffett em seu período no mestrado de Economia da Escola de Negócios de Columbia. O economista inglês foi o autor da metodologia buy and hold, adotada e seguida fielmente por Buffett. Segundo essa abordagem de investimentos, o dinheiro deve ser alocado em boas empresas, com margens seguras de operação, enquanto o investidor deve focar no longo prazo.
A estratégia visa remover da equação de risco as oscilações de curto prazo do mercado financeiro, ao mesmo tempo que diminui custos de corretagem (assumidos sempre que são feitas operações na bolsa) e os gastos com imposto de renda assumidos toda vez que ocorreria uma “operação ganhadora” (comprar ou vender com lucro).
Phillip Fischer
Outra das influências de Buffett foi Phillip Fischer, cujo livro “Ações comuns, lucros extraordinários” foi apontado como sendo “muito, muito bom” pelo próprio. Phillip Fischer possuía uma abordagem de conhecer intimamente o mercado no qual estava sendo inserido, recomendando, inclusive, se informar diretamente com diretores a respeito de certas operações.
Fischer foi um dos primeiros a investir nas operações no Vale do Silício e comprou e manteve ações da Motorola de 1955 até sua morte, em 2004. Adotava fervorosamente investimentos qualitativos e baseava suas escolhas na análise fundamentalista de ações, que foi amplamente adotada por Buffett.
Metodologia de Warren Buffett
Tendo aprendido e sido influenciado por esse movimento que enxergava o valor intrínseco de ações, Warren Buffett desenvolveu um estilo próprio de investimento que inspirou diversos economistas e abordagens que o seguiram. Sua geração era favorável a investimentos perenes, recolhendo grandes lucros com essa abordagem. Separamos alguns aspectos da metodologia de Warren Buffett para você conhecer mais sobre como funciona e como aplicar detalhes de seu pensamento aos seus investimentos:
Análise Fundamentalista
A análise fundamentalista é um método de investigar o valor intrínseco de empresas por meio de indicadores de desempenho da operação. Essa metodologia está menos interessada no movimento de ações – que refletem a psicologia massiva de mercado – e mais interessado na efetividade da empresa para além do escrutínio do mercado.
Buffett sempre acreditou que seria necessário fugir de decisões de manada e investir sabendo o que estava sendo feito. Por isso, os métodos de análise fundamentalista, que incluem analisar fluxo de caixa, posição da empresa em seu setor, análise de risco e muitos outros fatores, se tornaram seu foco.
O método de análise fundamentalista é um dos métodos avaliados em certificações nacionais e internacionais de gestores de carteiras administradas, que precisam comprovar o conhecimento em diversas técnicas dessa vertente para operar.
Dividendos
Ao levar os dividendos em consideração como um dos fatores na composição de sua carteira, Buffett estava seguindo os passos de Graham: o professor não admitia em sua carteira nenhum ativo que rendesse menos do que 6% em dividendos ao ano. Esse fator foi muito importante, mas não o principal.
O fator dividendos é analisado na carteira de Buffett da seguinte maneira: empresas consolidadas com pagamento de dividendos, como Coca-Cola (que também compôs sua carteira por muito tempo) garantem renda e reinvestimento em mais ações.
No entanto, a não-distribuição de dividendos também apresenta um fator importante: significa, por vezes, o reinvestimento dos lucros no crescimento da operação, aumentando o valor da empresa. Esse é o principal argumento que Buffett analisava na hora de verificar a distribuição de dividendos por uma empresa.
Parcimônia de gastos
Embora tenha uma das maiores riquezas do mundo, Warren Buffett também é conhecido por seus hábitos – na contramão da maioria dos milionários – extremamente simples.
Alguns deles são amplamente conhecidos por seus fãs: como a alimentação, que dispensa extravagâncias (mas chega a surpreender alguns). Hambúrguer, sorvete e refrigerantes são parte constante do seu dia a dia. Embora criticado por nutricionistas, o que demonstra com isso é parcimônia de gastos e evitar preencher o seu dia a dia com coisas caras.
Assim como não faz questão de alimentos exóticos, Buffett mantém a mesma casa e carro há alguns anos, sem sentir a necessidade de realizar mudanças periódicas. Sua casa é a mesma desde 1958 – uma aquisição de U$ 31.500,00, hoje avaliada em mais de U$ 700.000,00.
Cartas anuais
Mantendo seus hábitos de simplicidade e renovando anualmente sua longa linha de fãs e aliados, Warren Buffett assina uma carta enquanto gestor da Berkshire Hathaway para os demais acionistas, explicando suas medidas e expectativas para cada ano. A carta pode ser lida no site oficial da Berkshire Hathaway, mas separamos alguns pontos importantes da carta de 2021 (publicada em 2022) abaixo.
Carta de 2021
As cartas de Buffett sempre reverberam – e às vezes antecipam – certas posições de mercado. Buffett destacou, na carta deste ano, que para operar no mercado de ações é necessário: prudência, cautela e sobriedade.
O investidor continuou condenando o que chamou de “mentalidade de cassino” que alguns assumem ao começar a operar na Bolsa. Com quatro ativos principais em carteira, a empresa de Buffett destacou o negócio mal precificado da operação da Precision Castparts (PCC), que demorou mais do que o previsto para retornar aos lucros esperados.
Ao mesmo tempo, ele destacou o lema “Never Bet Against America”. A frase, que significa “nunca aposte contra a América”, relembra a capacidade que o país tem de produzir novos negócios e iniciativas constantemente. Enquanto isso, Buffett também destacou que “não era hora de partir para a renda fixa”, justo no ano em que o FED estuda o aumento da taxa de juros estadunidense.
Berkshire Hathaway
A empresa criada por Warren Buffett hoje gerencia o capital de diversas pessoas que compram suas ações. Funcionando como uma holding – uma empresa que compra e passa a controlar outras empresas – a Berkshire Hathaway teve um crescimento de 92,53% nos últimos 5 anos, operando hoje no maior topo histórico.
Warren Buffet considera a Berkshire Hathaway como uma espécie de carteira administrada, onde ele e seu time de especialistas tem por objetivo aumentar o patrimônio dos cidadãos americanos que realizem investimentos na forma de compra de ações. As ações da Berkshire são negociadas com dois tickers na NYSE, a bolsa de Nova York: BRK.A e BRK.B.
As ações BRK.A são as ações originais da empresa, lançadas pela primeira vez em 1964. Acumulando mais de 2.666.178% de valorização de lá pra cá, elas são negociadas a U$ 498.956,50 na bolsa americana hoje, e garantem um grau de influência muito maior sobre a empresa. Já as ações BRK.B, mais populares, foram lançadas em 1996, somando 1.287,50% de valorização e sendo negociadas hoje a U$ 330,00.
Principais ações da carteira
Buffett têm quatro “jóias da coroa” da Berkshire Hathaway: setores perenes e de grandes resultados que compõem o grosso da sua carteira e garantem o misto de rentabilidade e segurança que o mestre sempre procura.
BRK
A empresa de seguros possui uma grande fatia do mercado, e é uma das maiores aquisições da empresa de Buffett: 19% da empresa é detida pela Berkshire, que acredita em sua cobertura ampla e no seu fator gerador de caixa.
BNSF
Uma das gigantes ferroviárias dos EUA, ela detém 15% do market share (total do mercado) do transporte americano, tornando-se perene e extremamente rentável. Embora ela não possua muita margem de expansão além das aquisições, o BNSF traz a segurança que Buffett considera essencial em uma carteira.
Apple
Se expondo nos setores de tecnologia, Apple é uma das empresas que a Berkshire não busca se tornar dona, mas cujos dividendos distribuídos são responsáveis por grandes valores da receita de Buffett.
BHE
A Berkshire Hathaway Energy é uma empresa de energia verde que busca, em seus objetivos, ampliar para todos os estados norteamericanos a energia limpa e renovável por fonte eólica e solar. Ela está alinhada com os princípios do ESG e aumenta seu sentido frente às recentes crises do preço do petróleo.
Doações prometidas
Para Buffett, ser rico precisa ter um propósito para além da sua satisfação pessoal. É por isso que ele e Bill Gates iniciaram juntos a campanha Giving Pledge, ou Promessa de Doação.
O objetivo dessa campanha é conscientizar outros milionários e bilionários do mundo a realizarem doações de pelo menos metade de seu patrimônio em vida ou em testamento para causas humanitárias. O próprio Warren Buffett já condicionou em testamento todas as suas ações à fundação Bill and Melinda Gates.
Buffett realiza muitas doações com ações, que podem ser geradoras de dividendos ou vendidas para arrecadação. Os valores já ultrapassam hoje os U$ 4,1 bilhões, com mais promessas depois de sua morte.
Warren Buffett: o oráculo de Omaha
Depois de conhecer mais a fundo a história e as realizações de Buffett, é fácil perceber que o acesso ao mercado americano encontra não só ativos de maior qualidade, como também gestores em um meio mais maduro. O “never bet against America” serve também para o investidor internacional, que procura segurança e rentabilidade. Conhecendo um pouco mais sobre a trajetória do Oráculo de Omaha, acreditamos que você também consegue tomar a melhor decisão para os seus investimentos.
