Standard & Poor’s 500 – o S&P 500 – é um dos maiores e principais índices de ações da economia americana. Administrado pela prestigiada consultoria Standard & Poor’s, é um índice utilizado por diversos fundos e gestores como benchmark. Ele faz parte da família de índices S&P US Index.
Cotando exclusivamente empresas large caps dos Estados Unidos, listadas tanto na NYSE quanto na Nasdaq, o S&P 500 só cota ações. O GSPC – ticker do índice na bolsa americana – reage fortemente à economia americana, e historicamente tende a ter um desempenho superior aos índices brasileiros. A carteira montada pelo índice segue uma metodologia própria da Standard & Poor’s, para medir o desempenho das maiores empresas da economia americana.
O que é a Standard & Poor’s
A Standard & Poor’s é uma companhia de avaliação e rating de empresas presente no mercado financeiro. Uma das principais empresas do ramo e emissora de índices de ações desde meados de 1950. Ao lado da Moodys e da Fitch Rating compõe as três maiores empresas do setor. Seus relatórios e análises direcionam investimentos de gestores e indicam as taxas de risco que o mercado está disposto a pagar em economias globais.
Como a S&P faz dinheiro
Enquanto uma empresa de pesquisas, a S&P vende dados e análises aprofundadas para além de suas classificações de risco abertas ao público. Esses dados são utilizados por investidores para tomadas de decisões mais precisas e assertivas, aumentando consideravelmente seus lucros.
Além das informações particulares enviadas pela companhia, ela ainda consegue um veio de renda através das taxas pagas por emissores de títulos, que precisam da classificação para determinar percentuais de juros para seus produtos. Outra forma é o licenciamento de seus índices para companhias que gerem ETFs – com trademark registrado, a S&P detém os direitos dos índices, sendo o S&P 500 o mais famoso do mundo.
Concorrentes da S&P
Atuando em uma variedade de setores, a S&P possui como principais concorrentes algumas das grandes casas de análise do mundo, responsáveis por emitir pareceres sobre companhias, fundos e países. Os principais concorrentes da S&P, a nível de análise, são a Moodys, a Fitch Ratings e a Bloomberg, sendo que nenhum desses é tão antigo ou possui índices tão amplamente usados quanto a companhia.
Moody’s e Fitch Rating
A Moody’s e a Fitch Rating também são empresas de rating global que disputam com a S&P as melhores qualificações de risco – entretanto, seu foco é o risco de crédito de países e empresas, o que as torna ligeiramente mais “de nicho” do que a S&P.
Bloomberg
Entre os índices financeiros, o maior concorrente da S&P é a Bloomberg, também responsável pela emissão de boletins especializados onde se qualifica o risco de índices financeiros e sua adequabilidade para o mercado.
História do S&P
A Standard & Poor’s é uma companhia de índices financeiros mais conceituada no mercado internacional. Criada a partir da junção da Poor’s Publishing, uma editora de guias industriais para o setor ferroviário em 1860, e a Standard Statistic’s Bureau, companhia de publicação de dados financeiros de empresas, que foi fundada em 1906. Na época, apenas como editora.
Foi anos depois, em 1916, que a Poor’s emitiu o primeiro rating – nota de uma companhia avaliando seu risco – e em 1923, que a Standard lançou seu primeiro índice, contendo 233 empresas. Ambas fundiram as operações em 1943, e anos depois – em 1966 – foram compradas pela The McGraw-Hill Cos.
Fusão com a Dow Jones
O S&P, agora um braço da The McGraw-Hill, passou a ser a frente da companhia e o novo nome da empresa. Foi nessa época, em 2012, que eles absorveram também a empresa Dow Jones, tornando-se o maior e mais relevante avaliador de crédito e administrador de índices do mercado financeiro americano.
Desde então, os índices passaram a ser parte um do outro. O DJI, um dos famosos índices da Dow Jones – e, junto do S&P 500, um dos que definem a saúde geral da economia americana e global – passa a ser o S&P DJI, por exemplo. Entretanto, nem todos os índices da S&P são, também, do Dow Jones.
Critérios do Índice S&P 500
O S&P 500 é o principal produto da Standard & Poor’s e é responsável pela sua longevidade e fama. O primeiro índice emitido pela fusão das companhias e hoje o principal benchmark dos fundos e ETFs dos Estados Unidos, o S&P 500 é, ao lado do DJI e da NYSE, um dos três índices representativos da economia americana.
Entre os critérios de eligibilidade para uma empresa fazer parte do S&P 500, estão:
- Domicílio americano
- Listagem em bolsa
- Organização jurídica
- Interdependência
- Capitalização de mercado
- Fator de investibilidade
- Liquidez
- Viabilidade financeira
- IPO
Confira cada um deles em detalhes a seguir:
Domicílio americano
O S&P 500 determina que o domicílio da empresa não será definido apenas pela localização geográfica das prestações aduaneiras (impostos) nem pela permanência de sua sede nos EUA, mas sim pelo fator de peso que os EUA promovem em seu faturamento. Consequentemente, empresas que atendam a qualquer um desses critérios são consideradas, para fins de índice, empresas americanas:
- Faturamento superior a U$ 10 milhões
- Listagem primária em uma das bolsas qualificadas
- Fatia considerável (mas inferior a 50%) do lucro advindo dos EUA
Listagem em bolsas
A listagem primária precisa ser realizada em qualquer uma das seguintes bolsas para que a empresa seja considerada para o índice da S&P 500:
- NYSE
- Nasdaq Capital Market
- NYSE Arca
- Cboe BZX
- NYSE American
- Cboe BYX
- Nasdaq Global Select Market
- Cboe EDGA
- Nasdaq Select Market
- Cboe EDGX
Organização Jurídica
Uma empresa precisa ser considerada de capital aberto com negociação de common stocks ou então se enquadrar dentro da definição de REITs para ser considerada para listagem. Empresas públicas ou outros perfis de companhias não estão aptos a tal. Também se excluem ETFs e ADRs.
Interdependência
Os índices da S&P não trabalham sozinhos. Normalmente, quanto menor o número de empresas, mais seleto aquele índice é, e para valorizarem-se mutuamente, os índices escolhem suas empresas daqueles com maior abrangência. Assim, o S&P 500 só pode escolher empresas listadas no S&P 1500 (com o triplo do número de empresas), o S&P 100 só pode escolher entre as empresas do S&P 500 e assim sucessivamente.
Capitalização de Mercado
Para participar do S&P 500, uma empresa precisa ter uma capitalização de mercado (market cap) de U$ 14 bi ou mais. Essa margem é revista a cada três meses, e não adianta que uma companhia alcance esse patamar em um momento de especial valorização. O índice ainda conta com a avaliação de ajuste flutuante de capitalização de mercado para verificar se esse valor é especulativo ou consenso.
Investibilidade
O “fator de peso de investibilidade” ou IWF (Investable Weight Factor) precisa ser superior a 0,1% para marcar elegibilidade.
Liquidez
A liquidez de um ativo também é avaliada para sua entrada no índice. Dependendo do seu índice de origem – S&P Total Market Index ou o S&P 1500, há critérios diferentes para liquidez do ativo. Entretanto, a companhia ainda mede a liquidez da mesma maneira: utilizando o fator de liquidez ajustada do ativo.
O Fator de Liquidez Ajustada é calculado de acordo com a seguinte expressão:
Float-Adjusted Liquidity Ratio (FALR) = (Valor total negociado em dólares)/(Float-Adjusted Market Cap)
Para esse cálculo a S&P leva em conta valores de fechamento de mercado e um período histórico de um ano corrido.
Viabilidade financeira
A companhia precisa ter apresentado lucro nos últimos 4 trimestres para ser considerada para o índice, caso tenha ingressado via S&P 1500 (para o Total Market, esse requisito é dispensado).
IPO
Caso a companhia tenha realizado seu IPO em menos de 12 meses, ela não pode ser considerada para o S&P 500. Essa medida visa tirar um pouco os unicórnios que se aventuram na bolsa americana e podem estar sujeitos a números inflacionados.
Comitê do S&P
O Comitê de Índices da S&P se reúne mensalmente para debater acerca da permanência, entrada e saída de empresas de seu índice, indicando para isso motivos e modos. Além disso, o comitê também debate temas gerais de economia e revisa os indicadores que balizam o índice.
Entretanto, vale lembrar que o Comitê não é responsável por todas as normas dos índices da S&P DJ, a supercompanhia de índices. Pelo contrário, suas normas, leis e modos só servem para o próprio S&P 500, que irá reagir a eles.
Principais companhias no S&P 500
O índice não libera a lista completa de todas as quinhentas empresas que o compõem, mas em seu portal é possível descobrir quais as dez empresas com maior participação no índice. Esses valores mudam trimestralmente, sendo atualizados neste site sempre que mudanças significativas nas cotas dessas ações forem atualizadas. Confira agora as 10 principais empresas do S&P 500!
Apple
Listada no topo das companhias do S&P 500, a Apple é a principal empresa listada no índice. Inserida no setor de tecnologia de ponta e por quatro anos a empresa mais valiosa do mundo, a Apple está presente na maior parte dos índices e ETFs americanos.
Microsoft
Outra favorita do setor de tecnologia, a Microsoft possui uma rede mais ampla de produtos e serviços, sendo uma das empresas de tecnologia mais antigas do Vale do Silício. Encabeçada por Bill Gates, a empresa tornou seu fundador um dos homens mais ricos do mundo.
Amazon
Terceira no ranking a gigante do e-commerce, que hoje estende seus braços para pesquisas pagas com a Amazon Mechanical Turk e a computação em nuvem com a AWS, a Amazon também foi responsável por tornar seu criador, Jeff Bezos, em homem mais rico do mundo por alguns anos consecutivos. Observou uma alta de suas ações durante a pandemia do coronavírus.
Tesla
A companhia de Elon Musk ganhou destaque com os investimentos em tecnologia verde e carros elétricos, enquanto seu CEO se envolve constantemente em disputas e escândalos no mercado financeiro. A Tesla já adotou e voltou atrás no uso de criptoativos para pagamentos, sendo acusada de fraude fiscal no ínterim. É ainda uma das empresas líderes no setor de tecnologia, sobretudo em automóveis.
Alphabet (Google)
As ações classe A e classe C estão no índice na sequência, garantindo ao gigante das buscas uma posição de destaque em dois lugares da lista. De fato, junto com as demais fecha o ranking das top 6 empresas do S&P 500 dentro do campo da comunicação e tecnologia, abrindo espaço para as próximas empresas, de setores distintos.
Berkshire Hathaway
A empresa de Warren Buffett – que é dona de uma fatia considerável da Apple, e mais recentemente, do Nubank – aparece na lista na sequência às Big Techs e mostra a competência da gestão de Buffett no mercado.
UnitedHealth Group
Companhia de seguros e saúde, é uma das maiores nos Estados Unidos, possuindo escritórios no mundo todo. Primeira empresa de saúde no índice, também faz parte de outros grupos seletos como o DJ e o S&P 100.
Johnsonn & Johnsonn
Com grande destaque durante a crise do coronavírus e suas vacinas de dose única, a Johnsonn e Johnsonn é uma das companhias mais antigas na fabricação de remédios e produtos não médicos de saúde – como fraldas, cremes, produtos de higiene pessoal e afins. Com capilaridade global, a companhia sempre figura ao lado da UnitedHealth.
Exxon Mobil
Empresa privada de extração e processamento de óleo e gás, a Exxon Mobil é uma companhia de forte presença americana, mas com Joint Ventures e operações ao redor do globo. É especializada na extração de petróleo em solo.
Limitações do índice S&P 500
O S&P 500 também é um índice com certos riscos que precisam ser entendidos pelo investidor que queira basear sua tomada de decisões nele. E seus principais riscos – como os de qualquer índice – são os riscos do cálculo a partir do qual ele se baseia. A metodologia que pesa a participação de ações e o valor total do índice possui alguns princípios a serem entendidos antes de fazer maiores investimentos.
O índice, como falamos, funciona a partir do conceito de capitalização de mercado. Ele mede o valor total das empresas de acordo com o consenso de mercado e os divide por um denominador comum ao índice. Isso faz com que empresas com maior capitalização de mercado pesem consideravelmente mais no índice – e aqui nos referimos às big techs.
Com as empresas de big tech controlando as principais posições do índice, a variação desse setor – que tem riscos setoriais concentrados – pode fazer com que o índice penda negativamente. Nas semanas de setembro, o resultado acumulado do índice, graças ao desempenho dessas empresas, pendeu mais variável do que quando comparado com o Ibovespa.