Bolsa de Chicago (CBOT): saiba onde e como commodities são negociadas

Bolsa de Chicago (CBOT) é a principal bolsa de derivativos mais antiga e influente do mundo, marcada pelo negócio de futuros de commodities. Conheça tudo sobre essa bolsa tão importante para a economia agrária do mundo!

Relógio da Bolsa de Chicago em preto e branco sobre fundo roxo

A Bolsa de Chicago é uma das bolsas de mercadorias mais antiga do mundo, possuindo contratos futuros para a maior parte dos perfis de commodities. Diferente de bolsas como a NYSE e a Nasdaq, a Bolsa de Chicago tem como foco os derivativos: contratos futuros, opções e mini-contratos correspondem ao grosso de suas operações.

É lá que o preço de mercadorias muito caras à exportação brasileira são definidos: as commodities. De metais a madeira, passando por soja, trigo, milho e mesmo os mini-índices e contratos futuros de outras bolsas, como a Nasdaq, tudo tem como foco a Bolsa de Chicago.

O que é a Bolsa de Chicago

A Bolsa de Chicago é como é conhecida a maior bolsa de derivativos do mundo. É a consolidação da Chicago Mercantile Exchange com a Chicago Board of Options Trade sob o CME Group. Com mais de cem anos de atuação, é o principal centro de derivativos, opções, mercados futuros e mini-índices, de grande relevância para o mercado internacional de commodities.

História da Bolsa de Chicago

É normal que o investidor se confunda com algumas siglas ao procurar o preço da soja, e coloque coisas como CME, CBOT, CBOE, tudo no mesmo balaio, chamado “Bolsa de Chicago”. Apesar de todos esses termos fazerem referência à mesma companhia, cada um deles fala de um momento histórico distinto da Bolsa de Chicago – hoje todos são controlados pelo CME Group.

Ocorre que tanto a Chicago Mercantile Exchange (Bolsa de Mercadorias de Chicago – ou “Merc” para os íntimos) quanto a Chicago Board of Options Trade (CBOT) surgiram no mesmo contexto: meados dos anos 1850. Ambos surgiram como bolsas de opções para mercadorias agrícolas, em um momento em que a exportação dessas mercadorias ainda representava o grosso da economia global.

Entretanto ambas se desenvolveram de maneira distinta com o passar dos anos. Só em 2006 ambas emergiram como CME Group, que detinha também ações de outras companhias operadoras de opções no mundo. Desde então o CME Group é o maior mercado de derivativos global.

Chicago Board of Options Trade (CBOT)

Já A CBOT foi o primeiro espaço de negociação de futuros agrícolas na economia americana. Fundado em 1848, o centro passou a negociar os contratos futuros em 1860, criando as fundações para diversas bolsas que surgiriam depois. Lá também surgiu o palco para as negociações cinematográficas.

Em uma arena octogonal, traders poderiam gesticular ou gritar os preços de suas mercadorias. Apenas no final da década de 1890 foi instalado um sistema de ordens. Mecânico e manualmente redigidas, as ordens eram inseridas em uma máquina e pareadas.

prédio da Bolsa de Chicago visto do chão, ladeado por outros prédios e se perdendo em um céu claro.

O prédio da Chicago Board of Options Trade é um marco na cidade, sendo ponto turístico e cena de diversas filmes que tomam a cidade como palco. É uma parada comum em viagens de presidenciáveis americanos ao redor do país.

Em 2006 o CBOT e o CME se fundiram sob o grupo CME, tornando-se o maior mercado de derivativos e futuros do mundo.

Chicago Mercantile Exchange (CME)

Já a CME surgiu em 1898 como a “Bolsa da Manteiga e dos Ovos”. Uma organização sem fins lucrativos, operava sobretudo futuros agrícolas. É nela que surge a prática de futuros de inverno, em que investidores tentam acertar o quanto o entressafra será afetado pela estação. A especificação levou à fama.

Cenário de caos e gritaria, a arena de negociações física foi fechada durante a pandemia, em 2020. Esse fechamento durou até 2022, quando foi anunciado o fechamento permanente das atividades presenciais da bolsa. Desde então, apenas via homebroker.

Como investir na Bolsa de Chicago

Enquanto uma bolsa mundial, a Bolsa de Chicago possui contratos e acordos com diversas corretoras ao redor do globo para disponibilizar seus produtos em suas plataformas. Através do sistema Globex o CME Group fornece informações sobre a cotação de mercados futuros do agronegócio até mesmo para a B3. Entretanto, nem todo o mercado possui abertura para todos os seus produtos, tornando esse um caso de precisar abrir uma conta no exterior ou investir diretamente no mesmo.

Para quem se contenta com os derivativos de commodities, é possível comprá-los na própria B3. Porém, contratos futuros como o Nasdaq-100, futuros de criptoativos ou índices de taxas de países emergentes só estarão disponíveis nas corretoras americanas ou via fundos de investimento internacional.

Na hora de selecionar um fundo de investimento internacional, é necessário buscar por fundos multimercado e acompanhar a descrição dos fundamentos do fundo. Lá será possível ver se o fundo possui algum percentual de sua carteira destinado aos mercados futuros – sejam eles de commodities ou de qualquer outra modalidade.

Foco da Bolsa de Chicago

Assim como a Nasdaq é reconhecidamente a bolsa tech americana e a NYSE a bolsa das blue chips industriais, a Bolsa de Chicago também possui uma fama: ser a bolsa de derivativos e opções dos Estados Unidos. Como parte do maior grupo global desse tipo de ativo, a Merc negocia diferentes formatos de contratos futuros.

Apesar de ter surgido com foco no mercado futuro de commodities, a Bolsa de Chicago expandiu seu portfólio de mercadorias ao longo dos anos. Hoje é nela que é possível comprar os índices futuros da Nasdaq e do Dow, enquanto novos produtos, como futuros ESG e futuros de criptoativos começam a ser pensados.

Abaixo listamos todos os mercados futuros aos quais o investidor da Bolsa de Chicago consegue exposição – e como entender seus termos e funcionamentos.

Mercado Futuro de Commodities

O mercado futuro de commodities é um dos mais antigos, e não à toa: antever o movimento da agricultura poderia ser a diferença entre passar fome ou lucrar durante épocas de catástrofe. Diante disso, o mercado de contratos futuros se desenvolveu como um grande jogo de erro e acerto sobre o movimento das plantações, estações e safras, financiando com anos de antecedência a próxima plantação.

Foi com base nesse modelo que a Bolsa de Chicago se desenvolveu e proliferou: os contratos futuros. Diminuindo as incertezas quanto ao resultado de uma safra boa ou ruim, ela permitiu os investimentos e o crescimento do mercado agrícola americano. Lá era possível negociar os rumos das plantações.

Os contratos futuros agrícolas podem ter sido a base da Bolsa de Chicago, mas ela não parou por aí. Com o tempo contratos futuros de empresas, índices, moedas e países passaram a ser negociados com uma expertise técnica adquirida em quase duzentos anos de negociação.

Como o mercado futuro de commodities funciona

O mercado de contratos futuros de commodities tenta antecipar a relação oferta-demanda em produtos agrícolas do setor. Essa antecipação calcula as condições climáticas de produção, capacidade produtiva de um país e o quanto o mercado está disposto a absorver o produto. A concordância entre os cálculos de especialistas sobre esses fatores informa o preço futuro do produto.

Um exemplo prático: em meio a uma safra particularmente volumosa de soja e um mercado com a mesma capacidade de absorção do produto, o preço da soja tende a cair. O movimento ocorreu recentemente, em julho de 2022: com relatórios informando alta da oferta de soja, os compradores na Bolsa de Chicago suspenderam as ofertas e o preço do mercado futuro caiu. Como consequência, o valor das sacas caiu consideravelmente.

Logo, o produtor que possua um custo por saca de R$ 150,00 e resolve ter lucro, vendendo-a a R$ 180,00, oferece essa saca por R$ 180,00 no mercado futuro. Isso significa que o investidor que compre esse contrato comprou o direito de pagar R$ 180,00 pela saca de soja dali a seis meses.

Entretanto, se a saca de soja estiver custando R$ 210,00 nesse mesmo intervalo, o investidor realizou lucro de R$ 30,00 – a diferença entre o que ele pagou e quanto a saca está valendo. Já caso a saca tenha desvalorizado, a R$ 150, ele perdeu a mesma diferença. Enquanto isso o produtor agrícola terá realizado seu lucro e terá o valor para financiar o próximo plantio.

O lucro da Bolsa de Chicago reside em oferecer o serviço que liga produtores à investidores.

O que influencia o mercado futuro de commodities

Sendo o foco da Bolsa de Chicago, o mercado futuro de commodities possui três principais critérios para sua avaliação:

  1. Oferta do produto
  2. Demanda do mercado
  3. Taxa de câmbio
  4. Taxa de juros

Enquanto os dois últimos – oferta e demanda – são velhos conhecidos de qualquer um que invista no mercado financeiro, a taxa de juros e a taxa de câmbio tem especial apelo à quem busca exportar as mercadorias.

A taxa de juros irá influenciar diretamente no custo das operações e em quanto o investidor consegue extrair de lucro líquido das operações. Já a taxa de câmbio influenciará a atratividade de mercadorias no cenário internacional: moedas desvalorizadas têm uma vantagem frente às encarecidas, tornando favorável para quem exporta trabalhar com o dólar.

Mercado Futuro de Ações

Um pouco mais familiar ao investidor brasileiro, esse foi, junto dos contratos futuros de metais, uma das primeiras adições à Bolsa de Chicago. Entre os produtos estão contratos futuros de empresas extremamente líquidas na Bolsa, que avaliam quanto a empresa estará valendo em alguns meses.

Seu funcionamento é muito similar ao funcionamento do mercado futuro de commodities, sendo que os principais pontos analisados por especialistas são:

  • Contexto macroeconômico da indústria
  • Contexto microeconômico do mercado
  • Resultados operacionais da empresa

De caráter mais especulativo, o mercado futuro de ações ganhou robustez através de seus índices futuros, muitas vezes abordando setores inteiros do mercado. É o caso do Nasdaq-100, índice de futuros negociados com exclusividade na Bolsa de Chicago e que representa a perspectiva futura para as cem maiores empresas da bolsa tech americana.

Mercado Futuro de Metais

Com profunda influência em fundos multimercado de ouro e todo o comércio envolvendo metais como matéria prima – da indústria automobilística à de aeronaves, passando por eletrodomésticos e eletrônicos e construção civil – o mercado futuro de metais é considerado relativamente estável. Na Bolsa de Chicago, ouro, prata, platina, paládio, cobre e alumínio estão entre os principais, mas não únicos, metais negociados.

Sua maior estabilidade e valorização contínua se deve muito à oferta naturalmente escassa do produto. Não é possível plantar metais e esperar que cresçam. Enquanto muitas minas e reservas naturais são de posse exclusiva de uma pequena quantidade de países, esses índices futuros estarão diretamente relacionados ao desempenho das empresas extrativistas e da legislação dos países envolvidos em sua extração, refinamento e exportação.

Um impacto forte no mercado futuro de metais ocorreu com a desaceleração da economia chinesa, entre 2018 e 2022. O ciclo de alta da construção civil, investimento fabril e em maquinário parecia ter se esgotado, fazendo com que as importações diminuíssem. Como consequência, o ritmo de extração, que vinha acompanhando a demanda, trouxe alta oferta e baixa demanda: um prato cheio para queda dos preços.

No mesmo período, porém, o preço do cobre encontrou alta considerável mediante expansão da rede elétrica de alguns dos gigantes asiáticos. O metal, necessário para linhas de transmissão de energia elétrica, entrou em um ciclo de alta entre 2016 e 2020 até a pandemia de coronavírus estancar o fluxo global. Quem apostou na alta, lucrou.

Mercado Futuro de Moedas e Taxas

O impacto da taxa de juros perpassa todos os mercados de uma economia globalizada. O aumento do dólar – moeda internacional de maior relevância hoje – influencia o preço de mercados de commodities, metais, empresas e outros. Consequentemente, há toda uma seção para sua negociação na Bolsa de Chicago.

Os contratos futuros de moedas e taxas abrange desde o preço das moedas – podendo antever o movimento de valorização ou desvalorização de pares de moedas – quanto de aumento de taxas. Para isso normalmente são levados em consideração aumentos de taxas de juros, inflação nos diferentes países, PIB, IDH e outros fatores.

Um mecanismo utilizado para controlar a inflação, a taxa básica de juros já sofreu aumento tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, fazendo com que contratos que apostavam em sua baixa foram um ótimo negócio para compradores.

Na Bolsa de Chicago é possível encontrar contratos desde títulos do tesouro direto – apostando na alta ou baixa desses índices – como em diversos outros indicadores das economias internacionais.

Mercado Futuro de Criptomoedas

O mais recente dos mercados futuros negociados na CME, o mercado futuro de criptomoedas é um terreno que muitos exploram com cuidado. Investir na direção certa de criptoativos, como Bitcoin, Ethereum, NFTs, DeFis, metaverso e outros pode parecer aposta, mas novos indicadores surgem todos os dias para orientar investidores em sua análise técnica.

O mais recente é o número de hodlers para criptomoedas: o indicador mede a concentração de pessoas com mais de uma criptomoeda, como um Ether ou um Bitcoin, em carteira. Dada a escassez programada desses produtos, o aumento na concentração das criptomoedas em circulação leva analistas a preverem altas no valor das mesmas. Foi o que aconteceu nos dois períodos anteriores de alta do Bitcoin, em 2016 e 2020.

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